Ao longo da nossa vida há sempre uma razão ou uma desculpa que justifique a falta de coragem para nos lançarmos numa verdadeira aventura.
Criei a ilustração The Woman Rider a pensar nas pessoas que verdadeiramente usufruem a andar de mota. Não é o meu caso.
Nunca conduzi uma mota, mas já tive muitas vezes a vontade de conhecer a sensação de liberdade que todos os motoqueiros falam.
Se uma criança consegue imaginar-se num sem número de personagens, não há razão para um adulto, com mais experiência de vida, não conseguir lançar-se no mundo imaginário de um motoqueiro. Decidi escrever este post a pensar como que seria a minha viagem de mota.
O início da viagem teria de ser pitoresco, um pouco antes do nascer do sol, numa mota BMW R45, sem plano de viagem e apenas com um propósito, o de não me preocupar.
Não gosto de ficar longos períodos de tempo fora de casa, mas neste tipo de viagem pensar em regresso soa a cobardia. A mota tem agora o poder de me libertar de todas as obrigações e a responsabilidade de me transportar para lugares repletos de memória.
Como estreante aventureiro estava disposto a experiênciar tudo, sem nunca colocar a vida no limite.
Viajar para absorver muito e gastar pouco, sem qualquer exigência por conforto que condenariam ao insucesso todas as minhas histórias.
Para registar momentos, uma pequena máquina fotográfica e um diário de bolso para ajudar a romantizar alguns episódios e manter a tradição dos antigos viajantes.
Assumo que não sou o dono exemplar que se orgulha de ter o carro sempre limpo, mas com a minha mota (que não existe) o relacionamento teria de ser outro. Um puro viajante de duas rodas entende a sua mota, conversa, desabafa, orgulha-se dos seus feitos, preocupa-se quando está frio, como se o espirrar fosse uma possibilidade para mota. Vá!… a mota é mais ou menos um elemento mimado da família que conquistou o seu lugar por mérito próprio.
Boas viagens!